Rosa Maria Lopes - atualização 2021

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A Viúva Rosa Maria Lopes e a devoção a Nsa. Sra. Aparecida
         A história da viúva Rosa Maria Lopes, que teria sido a pessoa que iniciou a devoção a imagem de Nsa. Sra. Aparecida no local que se tornaria a cidade de Estiva no sul da então província de Minas Gerais merece ser melhor estudada e compreendida. Essa influência religiosa que caracterizou a formação de diversas vilas e povoações no interior de Minas Gerais também se relaciona com outros fatores sociais e econômicos como deslocamento de famílias das regiões de mineração onde o ouro escasseava, uso da mão de obra escrava na agricultura e pecuária e a disputa e ocupação das terras então disponíveis.
         No livro: “Estiva que Conheci e Aprendi a Amar”, do Sr. Newton A. R. Noronha com introdução de Mauro Pio de Almeida, é colocada em dúvida a existência dessa pessoa. Ver páginas 37 e 87 do referido livro. Vamos aos pontos:
    1- Em 1823 já eram realizados batizados na Capela de Nsa. Sra. Da Consolação (Capivary) onde atendia o Reverendo Capelão Antonio Pinto Ribeiro, nesta época, Consolação e Cambuí pertenciam a Camanducaia na esfera religiosa. O livro de batismos citado a seguir, provavelmente foi passado a limpo pelo Coadjutor Joaquim Borges que atendia Camanducaia. Quando se olha o original, todos os assentos tem letra parecida, inclusive a assinatura do referido Coadjutor. Então, esse batizado foi mesmo feito provavelmente em Consolação e apenas registrado no livro de Camanducaia. Fato ocorrido em 27 de dezembro de 1823,  quando é batizada em Capivary (Consolação) uma criança de nome Inacio, filho de Jose Lopes e Rosa Maria. Pode ter sido apenas uma coincidência de nomes, não provando que a mãe seja a mesma Rosa Maria Lopes de Estiva. " Familysearch - Camanducaia - Batismos - 1821 - Jan - 1825 Jan. Imagem -38 de 50. INACIO - Capivary PC Mello: Aos vinte e sete de Dezembro de hum mil oitocentos e e vinte e tres, o Reverendo Capellão Antonio Pinto Ribeiro baptisou e pos os Sanctos Olleos a INACIO de idade de hum ano filho legitimo de JOSE LOPES E ROSA MARIA do Bairro do Capivary. Foram padrinhos João Antonio de Azevedo e Maria Francisca de Moraes todos desta Freguesia e para constar faço este assento. Coadjutor Joaquim Borges.”
      2- Os Mapas da População, foram elaborados entre 1831 e 1838 para a região de Pouso Alegre, incluindo Estiva, é um documento muito bem elaborado, previsto por Lei (da província de Minas Gerais), no qual podemos confiar como fonte histórica primária.
Fig. 1

        3- No levantamento de Pouso Alegre, de 6904 registros 289 eram do quarteirão 23 (Estiva e arredores); destes, apenas 51 eram considerados brancos, os demais pardos e negros. Essa informação é importante para se avaliar o perfil da população da época.
         4- O registro paroquial de terras de 1856, informa as divisas dos herdeiros de Anna Esmeria Ribeiro: Anna Esméria Ribeira e seus herdeiros; e suas divizas são as seguintes: = Barra do córrego do meio, Rio Itahim, e por este dividindo com o senhor Manoel Pereira Balbão athé o alto da serra no Carapuça, á direita divizando com José da Roza, Fellippe Tavares, Joaquim Lourenço, desce a serra divizando com Anna de Moura e Joana Silva, José Gonçalves de Moura, e Anna Joaquina , e Francisco de Souza, e João Pereira da Silveira, e Antonio Vicente (Gomes), athé ao córrego Espraiado, e pelo vallo com João Silva e Jacintha athé o Rio Itahim, e por este abaixo athé onde principiam e findam estas diviza. Estas terras sitas parte na Fazenda Grande, e outras na Fazenda da Estiva. Pouzo Alegre. Vinte e oito de Março de mil oito centos e cincoenta e seis. Destes nomes citados, Fellippe Tavares e Joaquim Lourenço apareciam no Mapas da População no quarteirão 18 (Pantano), Anna de Moura, José Gonçalves de Moura, Anna Joaquina, Francisco de Souza, Antonio Vicente (Gomes), eram citados como moradores no quarteirão 23, o mesmo de Rosa Maria Lopes.
Fig. 2

    5- Essas divisas corresponderiam mais ou menos hoje, uma linha reta entre a serra do Pantano dos Teodoros, passando pelo Olaria de Baixo, arredores de Estiva (Espraiado), até o rio Itaim. Outro dado importante conforme já comentado, os mesmos nomes que aparecem como “vizinhos” de Rosa Maria Lopes, considerando o nº do Fogo, também aparecem como confrontantes da Fazenda da Estiva em 1856. Ver tabela abaixo:
Fig. 3


    6- O Almanaque Sul Mineiro de Bernardo Saturnino – 1874, colheu informações de muitas Capelas, Curatos e Paróquias da região. Certamente levou uns cinco anos para organizar tudo. Dessa forma, depois dos documentos religiosos da época, foi o registro histórico que primeiro citou a devoção á Imagem de Nsa. Sra. Aparecida e suas origens, também se baseou claramente nos relatos orais dos moradores e principalmente Padres, Capelães e Vigários de cada localidade.  O próprio Bernardo Saturnino se queixou em seu relato, de não ter recebido a tempo e a contento todas as informações necessárias para seu almanaque. Então, exigir que o mesmo especificasse claramente se tal morador morou á margem esquerda ou direita de um determinado riacho e com isso tentar diminuir a veracidade ou importância dos seus dados me parece um pouco exagerado. Devemos considerar também que a estrada que passava nas proximidades de Estiva em algum local deveria cruzar o rio Três Irmãos para seguir um trajeto mais curto e razoável em direção a Cambuí. Esse local é a atual estrada que saindo de Estiva vai para o bairro da Lagoa. Então, Rosa Maria Lopes poderia residir do lado direito, mais próximo de Estiva, ou do lado esquerdo, mais próximo da Lagoa. Isso não faz muita diferença. Outro dado a considerar é que o rio Três Irmãos era a divisa aproximada das jurisdições religiosas de Camanducaia e Pouso Alegre, logo, quando os moradores decidiram construir a primeira Capela, parece lógico também que o fizessem do lado mais próximo de Pouso Alegre (que seria depois a sede do então distrito ou curato de Estiva), no terreno mais elevado de propriedades dos Pereira dos Reis. A igreja católica, muito influente naqueles tempos, também interferiu e não quis uma devoção iniciada em local que não era de sua aprovação. Ao definir um novo local a igreja mostrou seu poder. Certamente isso contrariou as intenções de Rosa Maria Lopes, proprietária da imagem e primeira devota.

A devoção a Nossa Senhora Aparecida e os Santos mais populares em Minas Gerais
    O surgimento da devoção á imagem de Aparecida no local que então viria a se tornar a cidade de Estiva, coincide com alguns períodos importantes da própria história do Brasil. A partir de 1808 com a vinda da família real, de Portugal para o Rio de Janeiro, houve um aumento considerável do comércio principalmente de produtos agropecuários. O sul de Minas foi um importante fornecedor de gêneros para a então sede do poder real. Certamente a região de Estiva esteve envolvida nessa movimentação de produtos e pessoas em direção aos principais pontos de comércio. Existem informações inclusive de que os proprietários rurais e tropeiros conduziam quantidades de porcos engordados, vivos, em direção a Ubatuba onde eram vendidos.
    O aumento da devoção e peregrinação de devotos para a então freguesia de Aparecida também é dessa época.  Com o aumento da população e dos peregrinos foi criada a freguesia em 1842 e o início da construção da primeira Basílica, uma igreja de grandes proporções para a época, por volta de 1844 e só finalizada em 1888. É nesse contexto que surge a primeira imagem e devoção a Nsa. Sra. Aparecida em Estiva.
    No local que viria a se tornar a Freguezia, pessoas residiam próximas ao Rio Três Irmãos, eram na sua maioria pardos e os declarados africanos ou negros eram poucos, mas praticamente todos escravos. Eram pessoas simples e sem muitas posses, o que pode ser deduzido pela pequena quantidade de escravos que aquelas de cor branca possuíam  conforme o “Mapas da População” citado anteriormente, indicados para o quarteirão 23, que compreendia os habitantes da região. Daí a se concluir que algum viajante ou devoto tenha trazido uma réplica da imagem negra de Aparecida para a então viúva Rosa Maria Lopes não é um exercício de imaginação.  É compreender o contexto da situação econômica e social da época e relacionar esses dados com as informações da tradição oral bem como da história escrita de Estiva conforme conhecemos.       
    Percebemos também conforme levantamento feito a seguir, que Estiva foi uma das primeiras Capelas construídas tendo como padroeira e devoção principal Nossa Senhora Aparecida, na então província de Minas Gerais. Na época isso não era comum, tanto é que posteriormente se mudou o nome da Capela e padroeira, para Nossa Senhora da Conceição de Estiva, suprimindo-se “o” Aparecida. Os primeiros registros de casamento feitos pelo Cura José Pedro de Barros Mello, já informavam como Capella Curada de Nsa. Sra. Da Conceição da Estiva em 1860, bem como todos os demais livros de Batismos, Óbitos e Casamentos trazem essa denominação.
         Os primeiros moradores  e devotos eram também posseiros que se estabeleciam nos locais mais apropriados e próximos de estradas e passagens de rios. Porque se instalariam em locais afastados, de matas fechadas?  É certo que existia um núcleo de moradores, a maioria mestiços, nas proximidades conforme comprova o Mapas da População, entre eles Rosa Maria Lopes e não há por que duvidar que tivessem se instalado as margens da estrada mais próximos da passagem sobre o Rio Três Irmãos.
         Considero então que os registros e tradições orais tem peso tão importante quantos os documentos escritos para este caso. Alguns detalhes como o roubo da imagem e das pragas rogadas pela viúva Rosa Maria, não invalidam o restante dos fatos e casos contados.
Nossa Senhora Aparecida –Padroeira de 23 municípios de MG
http://www.descubraminas.com.br/Upload/Biblioteca/0000377.pdf, consultado em 28/12/2018 – acrescentadas informações básicas de cada local:
Aguanil – Capela separada de Campo Belo, ~1900;
Antônio Prado de Minas - ~ 1920;
Arantina - ~1900;
Arinos – 1951;
Bandeira do Sul – 1948;
Brasilândia de Minas – sem dados, paróquia recente;
Campo do Meio - ~1906;
Carneirinho - ~1952;
Conceição da Aparecida - ~1872 – história semelhante a de Estiva: “Em 1871, passou a denominar-se Conceição da Aparecida em virtude de uma promessa feita por um dos doadores dos terrenos a Nossa Senhora da Aparecida. Em 22 de julho de 1872 partiu da fazenda do Macuco uma procissão com o andor de Nossa Senhora da Conceição, cuja imagem vinda de Portugal, sob a encomenda do Barão do Carmo, se entronizava na Capela do arraial, quando foi celebrada a Primeira Missa pelo padre Jones Nery de Toledo Lion, vigário de Carmo do Rio Claro. A 6 de dezembro de 1879 a Capela de Nossa Senhora da Conceição da Aparecida se eleva a categoria de Freguesia. Após três anos, em 1 de agosto de 1882 é a elevação da antiga capela à Paróquia pela provisão dada e passada na Câmara Episcopal de São Paulo, cumprindo a Lei nº. 2.544 de 6 de dezembro de 1879, da Assembleia Legislativa da Província de Minas Gerais. É a mesma Lei que a elevou a Freguesia.”
Dom Cavati – 1908 primeiros moradores, 1948, distrito;
Estiva -1830 >1841 – primeira Capela;
Frei Inocêncio – 1953 elevado a Distrito;
Glaucilândia – 1899 início do povoamento;
Ilicínia – distrito criado em 1875;
Ipiaçu - ~1935;
José Gonçalves de Minas – 1962 elevado a Distrito;
Manga – 1923;
Montes Claros – 1950, cidade é mais antiga, mas padroeira é mais recente.
Ninheira – 1995, sem dados da Capela.
Riachinho – 1972, sem dados da Capela.
Serrania – 1878, criação do povoado.
Tocos do Moji – 1919, constituição do patrimônio.
União de Minas – 1960, primeiro povoado.

Lista geral de Minas Gerais por santos padroeiros:
São Sebastião – padroeiro de 98 municípios.
Nossa Senhora da Conceição – Padroeira de 87 municípios.
Santo Antônio – padroeiro de 79 municípios.
Sant’Ana – Padroeira de 43 municípios.
São José – Padroeiro de 43 municípios.
São João Batista – Padroeiro de 32 municípios.
Senhor Bom Jesus – Padroeiro de 32 municípios.
Nossa Senhora do Carmo – Padroeira de 27 municípios.
Nossa Senhora das Dores – Padroeira de 24 municípios.

Nossa Senhora Aparecida – Padroeira de 23 municípios.

Divino Espírito Santo – Padroeiro de 19 municípios.
Santa Rita de Cássia – Padroeira de 19 municípios.
Nossa Senhora do Rosário – Padroeira de 18 municípios.
Sagrado Coração de Jesus – Padroeiro de 15 municípios.
Nossa Senhora da Piedade – Padroeira de 14 municípios.
São Gonçalo do Amarante – Padroeiro de 11 municípios.
São Pedro – Padroeiro de 11 municípios.
Nossa Senhora da Abadia – Padroeira de 10 municípios.
Nossa Senhora do Patrocínio – Padroeira de 7 municípios.
Santos Padroeiros de seis municípios:
Nossa Senhora da Penha; Nossa Senhora da Saúde; Santa Bárbara; Santa Cruz; São Geraldo Magela;São Miguel Arcanjo.
Santos Padroeiros de cinco municípios:
Nossa Senhora das Graças; Nossa Senhora de Fátima; Nosso Senhor do Bonfim; Nossa Senhora do Pilar; São Domingos Gusmão; São Francisco de Assis;
Santos Padroeiros de quatro municípios:
Nossa Senhora da Ajuda; Nossa Senhora da Glória; Nossa Senhora de Lourdes; Nossa Senhora do Amparo; Nossa Senhora do Bom Sucesso; Santa Luzia; São Francisco de Paula; São Joaquim.
Santos Padroeiros de três municípios:
Nossa Senhora da Boa Viagem (Belo Horizonte); Nossa Senhora da Guia; Nossa Senhora da Oliveira; Nossa Senhora das Mercês; Nossa Senhora da Soledade; Nossa Senhora de Nazaré; Nossa Senhora do Livramento; Nossa Senhora dos Anjos / Santa Maria dos Anjos; Nossa Senhora Mãe dos Homens; Sagrada Família; Santa Helena; Santa Izabel; Santa Rosa de Lima; São Benedito; São Bento;  São Roque; Bom Jesus do Matozinhos;

Santos Padroeiros de dois municípios:
Cristo Rei: Lagamar; Montalvânia.
Nossa Senhora da Consolação: Consolação; Divinópolis;
Nossa Senhora da Lapa: Vazante; Virgem da Lapa;
Nossa Senhora da Medalha Milagrosa: Campina Verde; Monte Sião;
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro: Lontra; Ponto dos Volantes;
Nossa Senhora dos Remédios: Caxambu; Senhora dos Remédios;
Nosso Senhor do Bom Jesus da Cana Verde: Araguari; Tabuleiro;
Santa Ifigênia: Córrego Novo; Santa Efigênia de Minas;
Santa Quitéria: Esmeraldas; Ipuiúna;
Santa Terezinha: Campos Altos; Itaú de Minas (do menino Jesus).
Santíssimo Sacramento: Jequitibá; Taquaraçu de Minas;
São Bernardo: Baldim; Claraval;
São Caetano: Cipotânea; Moeda;
São Carlos Borromeu: Jacuí; Lagoa da Prata;
São Francisco de Chagas: Monte Alegre de Minas; Rio Paranaíba;
São João Nepomuceno: Nepomuceno; São João Nepomuceno;
São Lourenço: Manhuaçu; São Lourenço;
São Manoel: Mutum; Rio Pomba;
São Paulo: Limeira do Oeste; Muriaé;
São Vicente de Paula: Cônego Marinho; Coronel Pacheco
São Vicente Ferrer: Formiga; São Vicente de Minas;

Padroeiros de um município:
Bom Jesus do Amparo: Bom Jesus do Amparo.
Bom Jesus do Campanário: Campanário.
Bom Jesus dos Aflitos: Itamarati de Minas.
Dom Bosco: Dom Bosco.
Jesus Cristo: Ipatinga.
Jesus Menino Deus: Recreio.
Mãe de Deus: Madre de Deus de Minas.
Menino Jesus: Gameleiras.
Nossa Senhora Auxiliadora: Coronel Murta.
Nossa Senhora da Assunção: Cabo Verde.
Nossa Senhora da Encarnação: Guiricema.
Nossa Senhora da Luz: Luz.
Nossa Senhora da Pena: Buritis.
Nossa Senhora das Brotas: Entre Rios de Minas.
Nossa Senhora das Candeias: Candeias.
Nossa Senhora das Necessidades: Piracema.
Nossa Senhora das Neves: Ribeirão das Neves.
Nossa Senhora das Vitórias: Santa Vitória.
Nossa Senhora do Bom Despacho: Bom Despacho.
Nossa Senhora do Loreto: Morada Nova de Minas.
Nossa Senhora do Monte Serrat: Baependi.
Nossa Senhora do Porto: Senhora do Porto.
Nossa Senhora do Porto da Eterna Salvação: Andrelândia.
Nossa Senhora Mãe da Igreja: Três Marias.
Nosso Senhor dos Passos: Rio Preto.
Santa Catarina de Alexandria: Natércia.
Santa Clara: Guaraciama.
Santa Luiza de Marilac: Marilac.
Santa Margarida: Santa Margarida.
Santa Maria Eterna: Santa Maria do Suaçuí.
Santíssima Trindade: Descoberto.
Santo Agostinho: Chapada Gaúcha.
Santo Amaro: Queluzito.
Santo Hipólito: Santo Hipólito.
Santos Reis: Engenheiro Navarro.
São Boaventura: Águas Formosas.
São Brás: São Brás do Suaçuí.
São Caetano de Tiene: Brasópolis.
São Estevão: Iapu.
São Félix: São Felix de Minas.
São Francisco de Sales: São Francisco de Sales.
São Jerônimo: Gurinhatã.
São João Evangelista: São João Evangelista.
São Jorge: Nova Módica.
São Luis Gonzaga: Luisburgo.
São Mateus: Faria Lemos.
São Miguel das Almas :Santos Dumont.
São Pedro de Alcântara: Ibiá.
São Rafael Arcanjo: Paineiras.
São Simão: Simonésia.
São Tiago :São Tiago.
São Tomás de Aquino: São Tomás de Aquino.
São Tomé: São Tomé das Letras.
Senhor Bom Jesus do Livramento: Liberdade.
Senhor Bom Jesus dos Passos: Passos.
Senhor Bom Jesus dos Perdões: Perdões.

Relato de Mauro Pio de Almeida
     Ao ensejo das comemorações do septuagésimo ano de emancipação política de Estiva, achei por bem publicar um achado, na verdade um assento de batismo, realizado em Camanducaia aos 27 de Dezembro de 1823, como segue”:  " Familysearch - Camanducaia - Batismos - 1821 - Jan - 1825 Jan. Iamge-38 of 50. INACIO - Capivary PC Mello: Aos vinte e sete de Dezembro de hum mil oitocentos e e vinte e tres, o Reverendo Capellão Antonio Pinto Ribeiro baptisou e pos os Sanctos Olleos a INACIO de idade de hum ano filho legitimo de JOSE LOPES E ROSA MARIA do Bairro do Capivary. Foram padrinhos João Antonio de Azevedo e Maria Francisca de Moraes todos desta Freguesia e para constar faço este assento. Coadjutor Joaquim Borges.”
    Observação minha: Chama a atenção neste assento de batismo o nome dos pais da criança levada ao batismo: José Lopes e Rosa Maria. Em 1823 era moradores do bairro do Capivary, atual Consolação. Capivay, antigamente pertencia à jurisdição da Freguesia de Camanducaia.
    Ainda não tenho informações seguras para afirmar que esse casal, José Lopes e Rosa Maria também residiram em Estiva depois disso. Mas, é seguro, segundo vários outros documentos que vários outros membros da família Lopes ou residiram em Estiva ou nas suas cercanias.. O fato de o casal em questão ter morado em Capivary, e outros membros do ramo familiar Lopes terem morado por aqui, é um demonstrativo bem forte que o referido casal pode ter sim, morado também nas cercanias de Estiva. Outro indício é o fato que no Mapa Populacional de Pouso Alegre, de 1838, no qual o bairro de Estiva estava inserido, constar sob o número 23-9-1 - Rosa Maria Lopes - Viuva -55 (anos), 2 - Rita - escrava - Solteira - 14 (anos).
    Seria esta Rosa Maria Lopes, em 1838, já viuva, a mesma Rosa Maria de 1823, moradora em Capivary, que levou seu filho Inácio para ser batizado em Camanducaia?
    Uma questão ainda maior: Se ela morou em Capivary, por ter mudado para Estiva, e por essa razão ter o seu nome constado do Mapa Populacional de Pouso Alegre, porém sendo moradora do bairro da Estiva, que à época pertencia à freguesia de Pouso Alegre. Isto são hipoteses. Em razão disso, ainda não podemos afirmar que esta Rosa Maria ( Lopes ), seja a mesma que Bernardo Saturnino mencionou, em seu Almanaque Sul Mineiro de 1874, como sendo a que " morava às margens do rio Três Irmãos " , sem, contudo, especificar, se na margem esquerda ou na margem direita..
     Quando diz à margem, sem dizer, mesmo que mais ou menos a que distância, deixa uma dúvida: Tanto pode ser alguns metros, como pode ser alguns quilometros, como ocorre quando diz que " Santana Ana do Sapucai ", atual Silvianópolis, situava-se " às margens do Sapucai ", quando sabemos hoje que está a alguns Km desse rio ( + ou - 18 Km ).. Mas, o que nos resta: Continuar pesquisando para vermos se esta Rosa Maria, mãe de Inácio e Rosa Maria Lopes do Mapa Populacional de 1838 e Rosa Maria Lopes informada pelo historiador de Campanha, como a primeira incentivadora da devoção de Nossa Senhora Aparecida em Estiva, são as mesma pessoas. Talvez, com estas novas fontes hoje conhecidas, não estejamos muito longe de conferir a verdade histórica que esta última Rosa Maria Maria Lopes, não faz parte, apenas, de uma grande coincidência de nomes, mas a verdadeira ROSA MARIA LOPES que emoldura a primeira história escrita de Estiva, graças à Bernardo Saturnino da Veiga que assim registrou. . (Mauro Pio de Almeida), 25/12/2018 / 2:30 da madrugada.).”

Resposta ao Relato de Mauro Pio de Almeida
    Na apresentação que fizemos recentemente, comentei sobre Rosa Maria Lopes, onde citei exatamente os dados do “mapas da população” de 1838, que informa da existência da Viúva Rosa Maria Lopes, reforçando minha posição de que a mesma existiu e era moradora das proximidades da atual Estiva, próxima do Rio Três Irmãos.
    No Mapas da População se nota que no Quarteirão 23, existem diversas famílias de sobrenome Moura entre eles Rosa Maria, que era branca, viúva, não tinha um filho chamado Inacio e tinha apenas uma escrava. Eram pardos na maioria. Eram pessoas simples.  Alguns desses moradores vão ser encontrados num outro levantamento realizado antes de 1856, que foi o registro paroquial de terras, justamente como confrontantes dos herdeiros de Anna Esméria Ribeiro/ Vicente Pereria dos Reis (Fazenda da Estiva – doadores do patrimônio da primeira Capela).  Nessa época, 1856, Rosa Maria já não aparece na lista de proprietários. Creio então que a mesma já tivesse ido embora de Estiva ou falecido.
    Esses dados reforçam a existência da Viúva Rosa Maria Lopes. Já o Batizado realizado em Consolação, pode sim ter sido de um filho da mesma Rosa Maria Lopes, mas pode também ser uma coincidência de nomes.
    Minhas pesquisas indicam que ela existiu sim e foi a primeira devota.  Nesse caso, a tradição oral coincide em vários pontos com os registros históricos. Era viúva, pessoa simples, morava em local que não foi escolhido para ser construída a primeira Capela. Talvez por isso não se acredita totalmente no que os “antigos contavam”.

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