Pereiras - Um pouco de pesquisa e de história - atualização 2021


O Início
        Relaciono aqui alguns assuntos que considero fundamentais. Principalmente aqueles relacionados a própria pesquisa desenvolvida.
        As primeiras informações que consegui, pesquisando a Família Pereira, que segundo a tradição oral em Estiva e especialmente de familiares meus, era de que tinham vindo de Barbacena e se instalado na região entre Pouso Alegre (Fazenda Grande) e Estiva (Ribeirão das Pedras), havendo também parentes em Cambuí (Rio do Peixe). Sabemos atualmente que os descendentes dessas primeiras famílias se espalharam por outros municípios como Bom Repouso, Consolação, Paraisópolis e outras regiões, geralmente devido a casamentos entre parentes que se instalaram anteriormente em outros locais.
Já ouvia nas estórias de família, que foram três famílias Pereira que formaram todas as demais (Pereira) da região que eram: Pereira Balbão, Pereira dos Reis e Ferreira (ou Pereira Ferreira), no entanto, eram informações orais passadas e poderiam não corresponder exatamente com a realidade. Devo registrar também um detalhe importante que fez toda a diferença: a possibilidade de usar software de genealogia para organizar minimamente as muitas interligações entre as famílias, casamentos constantes entre parentes, nomes parecidos, registros incompletos e outras dificuldades  que foram superadas.
A primeira fonte escrita que tive contato e que narra a história de Estiva e de todas as Paróquias do Bispado de Pouso Alegre, “OLIVEIRA, Cônego João Aristides de, A Diocese de Pouso Alegre no Ano Jubilar de 1950, Pouso Alegre: Tip. Da Escola Profissional, 1950” cita as principais famílias e conta sobre o surgimento da primeira capela: “Mais tarde, quando o bairro já estava povoado, e continha algumas casas boas, diversos cidadãos entre os quais se distinguirão(sic) pela dedicação os finados Manuel Pereira Balbão, Domingos Eufrosino de Andrade, capitão Francisco Leite da Silva, Teodoro Rodrigues Alves e Vicente Pereira dos Reis...”. Verifica-se então que duas das Famílias Pereira anteriormente citadas aí aparecem: Manuel PEREIRA BALBÃO e Vicente PEREIRA DOS REIS. Mas no meu entender, mais importante que discutir se este ou aquele nome aparece ou não nos princípios da história de Estiva, se foram ou não signatários do requerimento para a construção da primeira Capela, é saber Quem eram essas pessoas,  De onde vieram, Por que vieram para esta região, Quais condições socioeconômicas permitiram ou forçaram que essas pessoas saíssem de sua origem e se estabelecessem em novas terras. Para ajudar com as respostas a essas perguntas que indagam sobre cada pessoa e sua realidade e seus laços familiares, propomos um estudo detalhado da genealogia de cada uma em particular e de todas no conjunto.
Por volta de 2005, quando o site FamilySearch.org começou a disponibilizar os dados que já haviam coletado no Brasil, possibilitando a pesquisa de muitos nomes, datas e eventos como batismos, casamentos e óbitos, foi possível interligar essas famílias, principalmente de Pouso Alegre e Estiva, deixando de se basear apenas em registros orais mas também nas cópias digitalizadas dessas fontes primárias, que são os arquivos digitais do FamilySearch. Os sobrenomes Pereira Balbão, Pereira dos Reis e outros eram muito comuns no período pós 1800, aparecendo com frequência. Outra fonte de informação importante foi o trabalho divulgado pela historiadora Marta Amato, na forma de CD, intitulado “Povoadores dos Caminhos do Ouro – Genealogia das Minas Gerais”, onde no volume 6,  Título Costa Preto, a mesma descreve a descendência de Bento da Costa Preto, morador de Taubaté SP por volta de 1680. Á página 206, se inicia já em Barbacena MG aquilo que poderíamos chamar de casal inicial da Família Pereira da nossa região estudada, quando Inácia dos Reis Pimentel se casa aos 14 de outubro de 1739 com o português André Fernandes Chaves, ela bisneta de Bento da Costa Preto, ele natural da Freguesia de Nsa. Sra. de Assunção de Vilela Seca, Braga, norte de Portugal. Não por acaso, uma das filhas desse casal, Maria Fernandes dos Reis, se casa com Manuel Pereira Balbão, também português. Considero como casal inicial pela origem dos noivos, já que Inácia dos Reis era de família brasileira mais antiga e André Fernandes era português de origem, sendo assim, passaram a ser um novo tronco do qual se originaram diversas outras famílias. Para fins da construção da árvore de descendentes no entanto, consideraremos aqui no texto como sendo Manuel Pereira e Marianna, ambos portugueses.
     O sobrenome Balbão (Valvam, Balbam) foi modificado e adotado pelos descendentes, sendo uma adaptação do local de origem de Manuel Pereira, que era São Veríssimo de Valbom, região do Porto, também norte de Portugal. Essa foi então a confirmação através de estudo de historiadores, da versão oral que tínhamos da origem em Barbacena, dos Pereiras da nossa região. Já o sobrenome dos Reis, também muito presente, se deve a Maria Fernandes dos Reis, que herdou parte do sobrenome de sua mãe e avós.
     A fonte primária na qual se baseia essa informação, provavelmente é a relacionada ao batismo de Simão, falecido na infância ou muito jovem. Era o 5º filho do casal, Manuel P. Balbão e Maria F. dos Reis. Conforme o registro encontrado em Barbacena MG - Nossa Senhora da Piedade - Batismos 1771, Jun-Out, imagem 20/32, folha 189, 2º registro. FamilySearch.org: “Aos treze de maio de mil sete centos e setenta e hum, na capela de Sto Antonio da Bertioga, filial desta matriz de N. S. da Piedade da Borda do Campo o Pe. .... batizou solenemente e pos os sanctos óleos a Simão, f.l. de Manoel Pereira Valvão e Maria Frz, neto pela parte paterna de Manoel Pereira da freguesia de S. Verissimo de Valvão termo e Bispado do Porto, e pela materna de Andre Frz Chaves e Ignacia dos Reis, fregueses desta freguesia. Foram padrinhos Simão Vaz Carneiro. solteiro da freguesia da vila de S. Jose, e Quiteria, solteira, filha de João Gomes do Nascimento da freguesia da vila de S. João. Nasceu aos 27 dias de fevereiro do dito ano.”
Simão

O local de início em Portugal
Dispomos ainda de pouca informação sobre o local de origem de Manuel Pereira Balbão em Portugal e de como este veio para o Brasil. Certamente seguiu os passos de milhares de portugueses que na época emigraram em busca das riquezas do ouro. Sabemos no entanto, baseado no registro de Simão citado anteriormente, provavelmente seu quinto filho, que era da localidade de São Veríssimo de Valbom, termo e bispado do Porto.
Ao pesquisar os registros do Arquivo Distrital do Porto, disponível em Arquivo Distrital do Porto verificamos na Paróquia de Valbom uma pista importante. É bem provável que se trata do mesmo Manoel.
A qualidade da imagem não está muito boa, mas pode-se ler:
Aos doze dias de Agosto de sete centos e vinte e cinco anos, nesta Igreja de Valbom, batizei a Manoel filho de Manoel Pereira e de sua mulher  Mariana Pinta do lugar da Colmieira desta Freguezia;...”
 Na primeira imagem desse arquivo, vemos que se tratam dos registros do Concelho de Gondomar, Capela de São Veríssimo.     
PT-ADPRT-PRQ-PGDM11-001-0004_m00464.tif
PT-ADPRT-PRQ-PGDM11-001-0004_m00510.tif:
12 de agosto de 1725 - batismo de Manoel fº. de Manoel Pereira e Mariana Pinta.

Seriam necessárias mais pesquisas e informações sobre possíveis parentes, irmãos e pessoas nascidas na mesma região e período, que também tivessem vindo para o Brasil nessa época. Outra dificuldade também encontrada é que Manoel Pereira Balbão faleceu em 1799 sem ter feito testamento, conforme é citado no seu inventário. No testamento, feito geralmente pelo padre que registrou o óbito, eram mencionados dados importantes, como local de origem, filiação, possíveis parentes. Também não encontramos até agora seu registro de óbito.
Na foto acima, de 2018, vemos a entrada do cemitério de São Veríssimo de Valbom. 


Os Filhos de Vicente Pereira dos Reis e Anna Esmeria Ribeiro
Sabemos que a família Pereira Balbão e Pereira dos Reis, se instalou principalmente na região entre Pouso Alegre (Cruz Alta, Fazenda Grande) e Estiva (Córregos dos Mulatos, Ribeirão das Pedras, Taperas, Canta Galo e Olaria), formando um conjunto unido geograficamente de várias fazendas. A repartição das terras entre os filhos desse casal está intimamente ligada com a história de Estiva.
Algumas outras famílias se instalaram em bairros mais distantes, como no atual bairro do Sertãozinho em Estiva; Rio do Peixe, Congonhal e Portão (Cambuí). Um destes casos, foi o de Antonio Pereira dos Reis, nascido em 23 de maio de 1823, em Pouso Alegre, e batizado conforme Livro de Batismos de Pouso Alegre MG nº. 2 - 1823, Jun-1825, Abr, imagem 84 - FamilySearch.org. Era provavelmente o 4º filho de Vicente P. dos Reis e Anna Esmeria Ribeiro.
Antonio P. dos Reis se casou três vezes. Primeira vez com Luiza Garcia Pereira, cujo registro de casamento e filiação da noiva ainda não encontramos. Segunda vez se casou com Francisca Silvéria Coutinho, provavelmente sua parente, conforme Livro de Casamentos de Estiva MG nº. 1 - Nov 1861 a Dez 1894, imagem 44 - FamilySearch.org, em 17 de agosto de 1870, na Capela de Estiva.
Pesquisando em Estiva os descendentes de sobrenome Pereira, Lopes Pereira e outros relacionados ao atual Bairro do Sertãozinho, surgiu então a questão: Porque se chegava ao casal Antonio Pereira dos Reis e Francisca Silveria Coutinho, sendo que a família Pereira dos Reis não era dessa parte do atual município?
Origem dos Pereiras do Sertãozinho - Estiva MG
A resposta veio com a descoberta de um registro de terras conforme abaixo:“Huma parte de terra no Distrito da Villa de Jaguary pertencentes a dois herdeiros Antonio Pereira dos Reis e Manoel Candido da Silva; comprada a Francisco de Souza Ramos, e suas divizas são as seguintes, divisando no Corrego do Sertãozinho com Francisco Leite da Silva e bem como Domingos Eufrausino de Andrade, e pela Serra com o Capitam Francisco Soares athe o espigam da sera mais alta, e por este abacho divisando com as Fazendas dos Nunes athe fexar no dito Corrego do Sertãozinho onde principiou e findou. Cambuy quatro de Fevereiro de mil oito centos cincoenta e ceis. Antonio Pereira dos Reis, Manoel Candido da Silva. Visto e registrado a quatro de Fevereiro de mil oito centos e cincoenta e ceis. O Vigario Antonio Sanches de Lemes.”
Arquivo Público Mineiro, Fundo Repartição Especial Das Terras Públicas, Cambuí, Nossa Senhora Do Carmo, RP000009, folha 4, último registro.
SIAAPM
Manoel Candido da Silva era cunhado de Antonio P. dos Reis, casado com Rita Esmeria Pereira. Isso indica que esta parte da Família Pereira dos Reis se instalou no local do atual Sertãozinho onde deixaram muitos descendentes.


José Luiz Pereira dos Reis
Baseado nas informaçõesque consegui sobre a origem dessas fotos, não posso afirmar que sejam da mesma pessoa. A primeira e a segunda imagem, supostamente foram conseguidas num arquivo de Belo Horizonte e seriam parte da correspondência que o governo da Província de Minas Gerais mantinha com cidadãos de referência de cada localidade. A terceira foto, realmente é de José Luiz Pereira dos Reis, esse era seu nome completo e foi tirada quando este tinha avançada idade.
Minha opinião atual é que não se trata da mesma pessoa.
José Luis Pereira
José Luiz Pereira dos Reis

José Luiz Pereira dos Reis - o "Dinho"

Sua esposa era Maria Francisca de Jesus, filha de Luiza Pereira de Jesus e Francisco Antonio Ferreira. Ela nasceu em 1849 e faleceu em Estiva.
Ele era filho de Luis Pereira Dos Reis e Maria Vicencia Vieira que se casaram em 11 maio 1866 em Estiva, MG. Dinho nasceu em 1842 no Ribeirão das Pedras.  Tenho buscado incansavelmente algum registro, pista ou qualquer informação que possa ajudar no esclarecimento sobre qual seria a data aproximada do nascimento do Dinho. Como era filho único, não temos outros registros de irmãos para ajudar na dedução do ano de seu nascimento. Infelizmente no período procurado 1841 a 1843, para os registros de Batismos de Pouso Alegre, disponíveis no FamilySearch.org. existe uma lacuna de tempo sem assentos digitalizados. Caso ele tenha falecido realmente com 117 anos isso leva o seu nascimento para 1832. Ele faleceu em 30 de agosto de 1949 no Bairro Olaria, as 06 horas da manhã, conforme certidão de óbito na versão digitalizada a partir dos originais disponíveis no Cartório de Estiva a seguir:
O declarante foi Benedito Ferreira da Silva. Foi declarado que o mesmo tinha 117 anos de idade. Causa da morte: “sem assistência médica em consequência de lesão cardíaca”. Creio que sua idade real ao falecer era de 107 anos e não 117 ou 120, como conta a tradição oral.  
Em 1935, quando o Padre Macário fez um levantamento junto aos moradores mais antigos e buscou informações sobre as origens da devoção á imagem de Nsa. Sra. Aparecida, entrevistou o Dinho. Estas informações também serviriam depois para serem inseridas no livro "A Diocese de Pouso Alegre". José Luiz Pereira dos Reis já estava com idade avançada e o Padre fez várias perguntas para tentar deduzir sua idade. Na segunda visita que fizeram, o Sr. João Garcia Borges, então bem jovem, fez também mais perguntas, se ele se lembrava das histórias antigas, de quais fatos mais importantes conseguia se lembrar. Perguntou se ele lembrava de quando Dom Pedro II foi coroado Imperador. Dinho então conta que os mais velhos diziam que Dom Pedro era ainda um menino quando se tornou Imperador, pouco mais velho que ele próprio. Logo Pe. Macário deduz: se Dom Pedro II foi coroado em 1841 com 16 anos Dinho devia ter uns 12 anos em 1841, tendo nascido por 1830 e teria então 105 anos em 1935. Porém, vejo uma falha nessa dedução. Dinho se lembrava do que os mais velhos falavam pra ele, que Dom Pedro se tornara Imperador ainda menino, isso não quer dizer que essa transferência de informação ocorreu exatamente naquela época (1841), pode ter ocorrido bem depois. Nessa mesma entrevista, Dinho conta que se casou com 24 anos, mas não informa qual o ano do casamento. Se os entrevistadores tivessem buscado a data correta do casamento (que foi em 1866) e as datas aproximadas do nascimento dos seus filhos, teriam percebido que ele estava com 93 anos. Esse erro levou a outro, pois quando faleceu em 1949 (supostamente teria 119 anos) um jornal de Belo Horizonte publicou que o mesmo havia falecido com 120 e teria 400 descendentes!
Outra informação que precisa de comprovação, também aparece no livro A Diocese de Pouso Alegre no Ano Jubilar de 1950. Ali se informa á página 87: "Disse-nos (José Luiz Pereira) que tinha ele 8 anos de idade quando seu falecido pai veio a Estiva assistir o barreamento da primeira capela..." Essa informação é precisa demais para um senhor de mais de 100 anos de idade, se lembrando de fato que o seu pai presenciou há tanto tempo. Resta saber exatamente quando foi o barreamento da primeira capela.
Dinho, assim era chamado pelos netos e bisnetos que conviveram com ele na antiga casa - o "Casão" - no Bairro Olaria. Dizia-se que a casa bem como a fazenda onde o mesmo morou, foi construída com a ajuda de seu pai, Luis Pereira dos Reis que passou todo o Bairro Olaria como herança para o filho. O certo, é que a parte do Bairro Olaria, excetuando a área compreendida pelo "Olaria de Baixo" era toda uma propriedade única, de José L. Pereira dos Reis.    
Conta a tradição oral de moradores de Estiva, inclusive dos netos que conviveram com ele, que era filho único, o que é bem provável pois não encontramos até o momento, nenhum registro ou pista de que Luis Pereira dos Reis tivesse outros filhos. Não descartamos no entanto que o mesmo tivesse algum filho natural, fora do casamento. 
O atual bairro da Zona rural de Estiva, chamado Ribeirão das Pedras, em 1865 já era conhecido como Rio das Pedras. Nesse local morava o pai, Luis Pereira dos Reis.
O primeiro filho do casal, José, nasceu em 31 outubro 1867 em Estiva MG e faleceu na infância em 9 dezembro 1867 em Estiva MG, conforme registros da Igreja Católica, 1706-1999, Estiva, Nossa Senhora Aparecida, Batismos 1860, Jun-1878, Jun. registro 1012 - imagem 78 e  1706-1999 Estiva, Nossa Senhora Aparecida, Óbitos 1864, Jan-1907, Jan. Imagem 37/201.
Consta no óbito que os pais eram moradores do Bairro Rio das Pedras. Daí temos duas possibilidades, por ser o primeiro filho o casal estava na casa dos pais do Dinho no Ribeirão das Pedras, ou ainda não tinha sido construída a casa onde vieram a morar no Olaria.  De qualquer forma, podemos supor que a casa da família no Olaria, o "Casão", que para quem teve oportunidade de conhecer, realmente era bem grande, foi construída após 1867. Lamentamos profundamente que não preservaram quase nada dessa casa. As madeiras foram usadas para fins diversos. Creio também que não existe foto ou imagem da mesma.

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